Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) se destaca pela originalidade do roteiro

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) é um refresco para a indústria cinematográfica, que atualmente sobrevive com picos de filmes realmente inovadores e mantém a fórmula de seu sucesso com os temas mais batidos e populares. Além deste filme trazer um roteiro original cercado por atuações intensas, ele apresenta um movimento de câmera complementar à história e guia o espectador pela trajetória complexa de cada um dos personagens.

Michael Keaton é Riggan Thomson, um ator e diretor que busca um elenco capacitado para a sua peça de teatro e quer chegar à melhor adaptação do conto “Do que Estamos Falando Quando Falamos de Amor”, de Raymond Carver. Nessa jornada pela perfeição e por uma apresentação na Broadway, Riggan relembra o seu auge nos cinemas como o super-herói alado Birdman e lida constantemente com crises internas e o seu próprio ego.

(Reprodução/ The Hollywod Reporter)

Keaton, aliás, oferece uma das melhores performances de sua carreira e traduz em caras e bocas todo o conflito esquizofrênico de seu personagem, especialmente os seus maiores medos e aflições em relação à carreira e vida pessoal. Em cenas surreais que lembram o voo do tapete de Jeff Bridges em “O Grande Lebowski”, somos levados a transcender os limites da tela e da narrativa para caminhar em um passeio pela mente fértil de Riggan e tentar compreender o seu raciocínio nada linear.

Embora seja libertador nesse aspecto, o longa nos mostra um trajeto duro e realista e também traz o lado mais obscuro da arte e da busca pela fama a qualquer custo. Assim, as atuações de Emma Stone (Sam, a filha conturbada de Riggan) e Edward Norton (Mike Shiner, o protagonista excêntrico da peça,) complementam todo o conflito do ex-Birdman e evidenciam falhas gigantescas que Riggan cometeu ao longo de sua vida como pai e diretor.

(divulgação)

A câmera, por sua vez, auxilia em todos os aspectos citados e confere a fluidez necessária à narrativa, dando a sensação de que tudo está sendo filmado continuamente e de que não existe corte algum na edição do vídeo. Tudo não passa de uma ilusão de ótica, mas funciona muito bem e complementa a experiência do espectador.

Assim, “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” se configura como o filme mais ousado entre os concorrentes ao Oscar 2015 e pode levar o prêmio exatamente por oferecer algo diferente dos demais em termos estéticos e textuais. O diretor Alejandro González Iñárritu, por sua vez, utilizou toda a sua inspiração para deixar um legado realmente significativo para a história do cinema e demonstrou grandes habilidades para fazer uma bela crítica ao sistema do qual ele mesmo faz parte.

Fonte: http://alemdooscar.pop.com.br/critica-birdman-ou-inesperada-virtude-da-ignorancia/